segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Nunca na história desse país ...

Foi um discurso contido. Mais pragmático do que emocional. Teve um princípio feminista e um princípio de choro, quando referência ao cara. Teve também impaciência com os cumprimentos, e um cansaço bastante nítido. Físico e moral. Desgastou a gente, imagina ela.
 
No começo, estranhei a sobriedade. Porque eu era Zé de Abreu fungando lá em cima, e Luizianne batendo aquelas palmas orgulhosas. Agora acho ainda mais bacana. Porque ela sempre foi a guerrilheira mal-humorada com personalidade forte. O tempo inteiro. Nas calúnias e na vitória. Ela nunca ficou em casa batendo as frutinhas dele como toda manhã. E com extreme-makeover ou não, tem de continuar assim até o fim.
 
A gente sabe que tem muito de mérito do Lula. Sustentar a candidatura de uma semi-conhecida mulher. Eu não acreditava, ele conseguiu. Só que agora tá com ela. Tem todo o background e o apoio, mas a cara pra bater é a dela.
E vai ser um governo difícil. Não só pra articular com os dez. Mas porque vai estar todo mundo esperando o mínimo deslize, a mínima polêmica, pra soprar e destruir o castelo. E bem, Dilma não segura um mensalão. Acho que mais ninguém segura.
 
Deu pra sentir o ódio no palanque do derrotado, que nem perder dignamente consegue. Deu pra sentir o ódio no Manhattan Connection madrugada adentro. A cara do Waack, do Jabor, de todo mundo. Já começaram desqualificando a vitória e dizendo que com maioria ela faz o que quiser, um quê de totalitariedade. Além da velha história do Brasil dividido norte-sul. A gente sabe que é uma afirmação ridícula. Serão afirmações ridículas o tempo inteiro. Pode se preparar.
 
Confesso que não sei exatamente como vai ser. Com Palocci e cia. limitada. Espero o melhor, entretanto. Dentro das limitações que o modelo do PT escolheu desde que se tornou governo. E ao qual eu tenho uma porção de críticas.
Mas discordo do Plinião, não acho uma lástima. Não mesmo. Tô achando lindo. Exceto a parte que São Paulo virou pra sempre o curral do PSDB que o Brasil não quer. Teremos que engolir Serra prefeito e etc.
 
Só que não é nisso que eu quero focar agora. Agora eu fico feliz pela derrota do reacionarismo, do fundamentalismo, da família-propriedade-preconceito. Agora a gente comemora até janeiro. Onde aí sim espero um discurso de fazer chorar todo mundo. Além de mim e Zé de Abreu.
Porque serão quatro anos de tentar corresponder a expectativas enormes.  Quatro anos  onde vão querer  provar que essa tal de social-democracia não funciona. Onde vão querer dizer que mulher na presidência não dá certo.
 
Mas hey, agora a gente tem chance de mostrar a que veio. Agora a gente pode provar que estão errados. A gente aconteceu.
Que lindo poder assistir de camarote o dia em que o presidente torneiro mecânico analfabeto vai passar a faixa pra presidenta guerrilheira mal-humorada de personalidade forte.
Foi sapiência, foi sapiência.

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