sábado, 29 de janeiro de 2011

Trincheiras do dia-a-dia ...

Ludmila casou apaixonada - e virgem, sendo infectada com o HIV durante a lua-de-mel. Edivaldo tenta esquecer da mulher e da paraplegia com um garrafa de pinga todos os dias. Brenda apanha da mãe adotiva há 14 anos. Sirlei procura consultas semanais pra poder contar a alguém como foi o seu dia.

All that drama. Sim, é pesado. É complexo. Não há quase nada de conhecimento técnico médico e tecnologia que me sejam realmente úteis. Não me lembro de acordar tão disposta pela manhã, na vida.

Não têm superpoderes ou uniformes descolados. Mas andam me salvando. Tanto quanto Miles, Tweedy e Nina.

Voltaram sonhos e perspectivas. Sumiram apatia e depressão.

Happiness isn't always the best way to be happy, I was once told. It couldn't be more right.

My heroes. They're ordinary. They're fucked up. They're fighting.

Just like me.


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

457 ...


Relação intensa e extensa de amor e ódio. Daquelas que só os muito íntimos e queridos têm. 
Já quis e tentei ir embora muitas vezes. Já me encantei por alguns outros e quase fiz as malas.
Este ano a possibilidade de despedida nunca foi tão real. Mais uma vez, Paulista foi mais forte. Meu ímã pessoal.
Acho que se renova. Nunca dá pra conhecer tudo.  Nunca cansa por muito tempo. Nunca verdadeiramente satura.
Cada ano é um aspecto diferente. Um lugar diferente. Um encantamento novo.
É o que sou. Mais do que gosto e consigo assumir. Amadurecemos e amadurecendo juntas.
Apesar de. Trânsito. Multidões. Preços. Descaso. Pobreza. Sucateamento. PSDB.
Se não vivem aqui e falam mal, viro bicho. Mas morro de vergonha dos governos e preconceitos e “São Paulo para os paulistas".  Dá pra ser tão melhor, somos tão maiores dos que esses que supostamente nos representam e aparecem nos jornais.
Acho que família é assim. Reclama, discute, aponta dedos em casa. Mas se ama e, de uma forma ou de outra, acaba se entendendo.
Amor apesar de. Faz sentido ainda que.
E São Paulo me entende. Até - e principalmente - nas madrugadas de solidão compartilhada. Não dá pra simplesmente virar as costas pra madrugadas de solidão compartilhada. Eu me encontro e me apaixono nas madrugadas de solidão compartilhada.
E fico por elas. Por pelo menos mais 365 delas. Enquanto fizer sentido. Enquanto fizer bem.
Parabéns, babe. Comemoremos nós.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Deu pra ti?

Deu pra mim. Deu pra nós.

You're such a charmer, alright.

But I've become such a player, these days.

Te cuida.

Te gosto. Te gostam.

Go get'em, babe.

I just cannot do it once again.

Not that soon.

: Relationship.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Tales of passion ...

"It is all about passion.
(...)
Passion lives here. Isn't it always true? Heart is what drives us and determines our fate.
That's what I need for my characters in my books: a passionate heart. I need mavericks, dissidents, adventurers, outsiders, and rebels. Who ask questions, bend the rules, and take risks. Nice people with common sense do not make interesting characters. They only make good former spousers.
(...)
The protagonists of my books are strong and passionate women (...). I don''t make them up. There's no need for that. I look around and I see them everywhere. I've worked with women and for women all my life. I know them well.

I was born in ancient times, at the end of the world, in a patriarcal catholic and conservative family. No wonder that by age of five, I was a raging feminist. Although the term had not reached Chile yet. So nobody knew what the heck was wrong with me.

I would soon find out that there was a high price to pay for my freedom and for questioning of patriarchy. But I was happy to pay it, because for every blow that I received I was able to deliver two.
(...)
For most western young women of today being called a feminist is an insult. Feminism's never been sexy. But let me assure you it has never stopped me from flirting, and I have seldom suffer from lack of men.

Feminism is not dead. By no means. It has evolved. If you don't like the term, change it for Goddess' sake. Call it Aphrodite, or Venus, or bimbo, or whatever you want. The name doesn't matter. As long as we understand what it is about and we support it.
(...)
What kind of world do we want? This is a fundamental question that most of us are asking. Does it make sense to participate in the existing world order?
We want a world where life is preserved, and the quality of life is enriched for everybody, not only for the privileged.
(...)
What I fear most is power with impunity. I fear abuse of power and the power to abuse.
In our specie, the alpha males define reality and force the rest of the pack to accept that reality and follow the rules. The rules change all the time, but they always benefit them.
And in this case, the trickle-down effect - which does not work in economics - works perfectly. Abuse trickles down from the top of the ladder to the bottom.
Women and children, specially the poor, are at the bottom. Even the most destitute of men have someone they can abuse: a woman or a child.

I'm fed up with the power that a few exert over the many through gender, income, race, and class. I think that the time is ripe to make fundamental changes in our civilization.
But for real change we need feminine energy in the management of the world. We need a critical number of women in positions of power and we need to nurture the feminine energy in men.
I'm talking about men with young minds, of course. Old guys are hopeless, we have to wait for them to die off.

Yes, I would love to have Sophia Loren's long legs and legendary breasts. But given a choice, I would rather have a warrior heart (...). I want to make this world good. Not better, but to make it good.
Why not? It's possible. (...) Let's get off our fannies, roll up our sleeves and get to work, passionately, in creating an almost perfect world."

(Isabel Allende - edição e grifos meus.) 

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Who's in a bunker?




Sabe disco riscado? É isso. Não importa o que aconteça no mundo e envolva mulheres. Desde o longínquo primeiro #lingerieday vão sempre existir duas posições na "blogosfera feminista" sobre cada episódio.
Elas vão se alfinetar, ressuscitar "princípios" e birrinhas, e reabrir a caixa de Pandora. Aquela que a galera adora nos comentários, no Reader, retuíta, e reacende o que eu - mais uma vez ingenuamente - acreditava que já tinha virado cinzas.

Freud explica. Terapia ajudaria. Mariana se irrita demais.

Porque novamente o foco, importantíssimo, da discussão fica perdido em meio a tantas pequenezas. O foco óbvio do preconceito e objetificação das mulheres, assim conceito. Inclusive pelo próprio marido de uma delas. Que "defende" a sua e passa o preconceito pra Carla Bruni. Dado que a dele é discretíssima e advogada, a vadia-interesseira-querendo-aparecer é a tal cantora-modelo-francesa.

Não tem uma frente maior do que a outra quando a intenção é desconstruir patriarcado. Os comentários homofóbicos, os sobre a "falta de beleza", e as alusões "de brincadeira" a uma possível morte da presidenta são tão nojentos e revoltantes quanto aqueles que tangem as possíveis razões escusas(?) que fizeram a moça jovem-bonita-e-gostosa (e portanto não tão intelectualmente capacitada) casar com o cara-rico-que-tem-idade-pra-ser-seu-avô. Igualmente lamentáveis e desconstruíveis.

Chega a ser ridículo acreditar que exista "um feminismo"- quantos são? - que aceita as difamações contra a "gostosa" por achar que de alguma forma roubou-se a cena e suplantou o papel da "inteligente" presidenta. Que exista "um feminismo" que permita a concessão de rótulos - velados ou nem tanto - de prostituição a uma determinada mulher por achar que ela simboliza sexualidade-over e a ditadura da beleza. Pra mim é tão inimaginável que a acusação chega a ser absurda.

Somos todas Geisy. A feminista mais anti-hegemônica dos últimos tempos. Aquela que foi - que é - sem saber que é.
Somos todas Dilma. A feminista mais "masculinizada" dos últimos tempos. Aquela que é, em meio a tantas outras bandeiras.
E também Marcela Temer. E Carla Bruni.

Será que é preciso desenhar que essa dicotomia separatista só enfraquece?
Acho que não, né.
Pois então, já passou da hora das meninas irem todas pensar nas briguinhas ali no canto da sala.
Voltem, com ou sem terapia, quando voltar a racionalidade.
Juntas.

sábado, 1 de janeiro de 2011

O que tem de ser, tem muita força ...


Poderia começar comentando qualquer aspecto. Porque seriam todos elogiáveis. De partes mais técnicas como teor do discurso e postura em relação aos líderes internacionais, a superficialidades tal qual roupa-cabelo-maquiagem. Todas elogiáveis.

Mas ela citou dois dos meus trechos favoritos de Guimarães Rosa. Ela começando a citar sem nominar o autor, e eu mal acreditei. Que a presidenta que já me enche de orgulho citava meus trechos favoritos de um dos meus livros favoritos.
É de um simbolismo pessoal enorme.
Depois d'eu ter "reclamado" do discurso no dia da votação, era a redenção. Já tinha me ganhado aí.

Mas não, ela fez mais.
Ela ratificou a importância de ser mulher e da luta da mulher inúmeras vezes. Ela destacou a relevância dos professores lindamente. E homenageou todos os companheiros da época da ditadura.

Houve uma cena que eu achei magnífica. Aquela mulher que foi torturada, presa, que viu tantos colegas morrerem, andando altiva frente a todas as forças armadas, como "comandante". Forças que eram o símbolo do regime que ela lutava contra, aquele do outro lado da trincheira. E andava sem nenhuma mágoa, nenhum rancor, orgulhosa.

Não consigo nem imaginar o que se passava pela cabeça dela naquele momento. Mas consigo dizer o tamanho do orgulho e admiração que se passavam pela minha, quando ela parou pra reverenciar a bandeira com um beijo. Num misto de respeito e carinho. Logo daquela que rotulam como fria-brava-mal-amada. Um dos gestos mais bonitos que eu já vi em posses.

Daí que pra mim essa foi a tônica do cerimonial todo. Dilma mostrando o lado emotivo e humilde em meio a tantas etiquetas. Discursando sobre o papel de sonhos junto à coragem e à realização. Porque é sim a pessoa séria-de-personalidade-forte-talvez-mal-humorada, mas com o quê carismático do "hey, Lula, cheguei" frente a rampa junto a lágrimas disfarçadas.
Lágrimas que também eram minhas, de Zé de Abreu, de Lula e de cada rosto em que a câmera ia dando close enquanto ela discursava segurando as suas lá em cima.

"Netinhas, a vovó viu quando o presidente metalúrgico analfabeto passou a faixa pra presidenta guerrilheira mal-humorada de personalidade forte. A primeira. Foi mais do que outro importante avanço democrático. Era como se cada uma de nós estivesse de faixa com ela. Foi emocionante. Até hoje é. "