sábado, 13 de novembro de 2010

Caixinha de surpresas(?)

 
Eu sou santista. Mas eu gosto do futebol.
Talvez porque todos esse anos meu time nunca tenha tido atuações muito convincentes e relevantes, eu sempre gostei do futebol. E torci pelo futebol.
 
Há, entretanto, um time que eu torço contra. Sempre. Corinthians.
Ouvi a vida toda que é inveja,  que é porque eu não sei o que é ser corinthiano. Porque não sei o que é viver por um time, não sei o que é sentir essa paixão.
Talvez não saiba mesmo.
 
Mas eu sei do porquê eu torcer contra.
Por isso. Que aconteceu hoje, que aconteceu o campeonato inteiro, que aconteceu ano passado. Que aconteceu todos esses anos.
Mas tem aquela do Botafogo, do Flamengo, aquela do Fluminense, etc, etc.
Sim, sempre tem. Mais pra uns do que outros. Historicamente a gente sabe.
 
E fica aquele enjôo, aquela náusea.
Mineirada, tô contigo. Cruzeirenses e atleticanos.
Cuca, você tem um culhão que eu admiro. Não vai dar em nada, mas eu admiro demais.
 
E vocês, bando de loucos, são todos tão grandes. Derrubaram um diretor, subiram da segundona. Precisa?
Vai ver precisa.
Título assim tem o mesmo gosto?
Deve ser bom de qualquer forma. Ser campeão.
Pra mim não tem. Mas hey, eu torço contra meu time por causa de um Neymar. Eu sou estranha. 'Bora lá comemorar.
 
Só sinto demais por aqueles que gostam do futebol. E se sentem fazendo papel de palhaço. Quando manipulam nossas paixões.
Corinthians sendo o Serra do Brasileirão. Viva o título do centenário ...
Quem sabe o Fluminense consiga ser minha Dilma.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Montauk ...



So you guys think you're tough, huh? 
Tudo muito bem, obrigada. Emocionalmente mais estável, impossível.
I dare you, I double dare you motherfucker a assistir, assim de sopetão. Como quem zappeia a tevê no fim de noite e encontra o filme começando. "Adoro esse filme, que sorte, 'bora assistir."
Não caia nessa, não. Eu caí. Eu que sempre me achei forte. Que andei esses dias todos com o adesivo do emocionalmente estável orgulhoso na testa.
Era um teste surpresa. E bem, não ando me preparando.
Sopraram de volta tudo o que eu varri pra debaixo do tapete. 
"Toma, é teu."
É meu, eu sei. Mas agora não dá pra levar. Mando buscar depois.
Tough, huh. Tough é pintar o sorriso falso pra sair de casa amanhã. Depois de morrer um tanto.
Espero que você consiga se sair melhor do que eu.
No teste. Meu sorriso falso é digno de Oscar.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Nunca na história desse país ...

Foi um discurso contido. Mais pragmático do que emocional. Teve um princípio feminista e um princípio de choro, quando referência ao cara. Teve também impaciência com os cumprimentos, e um cansaço bastante nítido. Físico e moral. Desgastou a gente, imagina ela.
 
No começo, estranhei a sobriedade. Porque eu era Zé de Abreu fungando lá em cima, e Luizianne batendo aquelas palmas orgulhosas. Agora acho ainda mais bacana. Porque ela sempre foi a guerrilheira mal-humorada com personalidade forte. O tempo inteiro. Nas calúnias e na vitória. Ela nunca ficou em casa batendo as frutinhas dele como toda manhã. E com extreme-makeover ou não, tem de continuar assim até o fim.
 
A gente sabe que tem muito de mérito do Lula. Sustentar a candidatura de uma semi-conhecida mulher. Eu não acreditava, ele conseguiu. Só que agora tá com ela. Tem todo o background e o apoio, mas a cara pra bater é a dela.
E vai ser um governo difícil. Não só pra articular com os dez. Mas porque vai estar todo mundo esperando o mínimo deslize, a mínima polêmica, pra soprar e destruir o castelo. E bem, Dilma não segura um mensalão. Acho que mais ninguém segura.
 
Deu pra sentir o ódio no palanque do derrotado, que nem perder dignamente consegue. Deu pra sentir o ódio no Manhattan Connection madrugada adentro. A cara do Waack, do Jabor, de todo mundo. Já começaram desqualificando a vitória e dizendo que com maioria ela faz o que quiser, um quê de totalitariedade. Além da velha história do Brasil dividido norte-sul. A gente sabe que é uma afirmação ridícula. Serão afirmações ridículas o tempo inteiro. Pode se preparar.
 
Confesso que não sei exatamente como vai ser. Com Palocci e cia. limitada. Espero o melhor, entretanto. Dentro das limitações que o modelo do PT escolheu desde que se tornou governo. E ao qual eu tenho uma porção de críticas.
Mas discordo do Plinião, não acho uma lástima. Não mesmo. Tô achando lindo. Exceto a parte que São Paulo virou pra sempre o curral do PSDB que o Brasil não quer. Teremos que engolir Serra prefeito e etc.
 
Só que não é nisso que eu quero focar agora. Agora eu fico feliz pela derrota do reacionarismo, do fundamentalismo, da família-propriedade-preconceito. Agora a gente comemora até janeiro. Onde aí sim espero um discurso de fazer chorar todo mundo. Além de mim e Zé de Abreu.
Porque serão quatro anos de tentar corresponder a expectativas enormes.  Quatro anos  onde vão querer  provar que essa tal de social-democracia não funciona. Onde vão querer dizer que mulher na presidência não dá certo.
 
Mas hey, agora a gente tem chance de mostrar a que veio. Agora a gente pode provar que estão errados. A gente aconteceu.
Que lindo poder assistir de camarote o dia em que o presidente torneiro mecânico analfabeto vai passar a faixa pra presidenta guerrilheira mal-humorada de personalidade forte.
Foi sapiência, foi sapiência.