domingo, 27 de março de 2011

Para no olvidar ...

(Ou entre Sant'ana e Santa Tereza)

Da primeira vez, não era nada além de uma fuga.
Escolha baita certeira de lugar pra fugir. Impossível lembrar do que (te) faz sangrar com aquele laranja na frente. Brique-Redenção-Guaíba derrubando o queixo e os butiá do bolso.

Impossível, também, dizer que não cativa. Pra além dos clichês.

Não é uma cidade fácil, muito pelo contrário. Heavy-drugs, preconceitos, e costumes podem afastar - e assustar - se você se deixar levar somente por primeiras impressões.

Numa primeira impressão, sinceridade extrema pode ser encarada como grosseria.
Num primeiro momento, há inveja das gurias-enormes-irritantemente-gostosas.
Numa primeira impressão, só se sente o amargo do chimas.
À primeira vista, era só mais um outsider com senso de humor querendo me levar pra cama.

Mas entre meias taças no Centro e cevas na Cidade Baixa, entre livros e túneis de árvores, entre Scliars e Caios Fernandos, falsas impressões vão se desfazendo.
Dia após dia, ida após ida.

Daí já era. Quando tu vê, já não consegue mais ficar sem os insights cruéis de tão diretos. Tu vira tão íntima das gostosas que compartilha saliva. Tu lembra do mate toda vez que acende um cigarro. E enxerga paixão nos olhos do gaudério, - daquele mesmo tipo que te fez fugir (e chegar até ali) quando percebeu que não ia vingar.

Não tinha como esconder a atração, a identificação. Escancarada. Pra quem quisesse ver.
Exatamente por isso, ninguém entendeu quando disse não. À mudança, à especialização, ao torcer pelo Grêmio bebendo vinho, ao "ver no que (a gente) vai dar, guria".
Ninguém entendeu que seria pelas razões erradas, pelo caminho mais fácil, seria brincar com sentimentos alheios só porque brincaram com os meus.

Timing is everything. E o nosso wasn't right. Me levava pra ouvir Tiê enquanto no meu Ipod só tocava Kerry King.
Fantasmas perseguem independentemente do sotaque. É preciso - eu preciso - encerrar e entender tudo aqui antes de fazer malas. Seguir com a bagagem leve.

Te fresqueia, babe.

Tu sabes, eu sei, ela (a cidade) sabe, que logo "vou ir".
Pra comemorar os 241 anos.
Pra conhecer tua nova prenda.
Pra brindar pelos (nossos) broken-hearts finally healed.

Bah, pra ficar de vez.


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