quinta-feira, 17 de março de 2011

Keep on walking ...


Mal do século vinte-e-um, angústia da modernidade, murro em ponta de faca, chame como quiser. 
A tal ânsia de querer saber de tudo ao mesmo tempo agora. De querer resolver tudo. De se intrometer.

Toda uma dificuldade em lidar com a sensação de impotência, com o limite tênue entre teimosia e obstinação.
Explica um pouco o porquê da medicina. Ainda que eu despreze minha categoria profissional como classe. Temos em comum o desejo inútil e prepotente de lutar - de achar que lutamos - contra o determinismo, o destino, o foi-Deus-quem-quis, etc.

Até certo ponto.
Odeio o certo ponto. Odeio ir embora, deixar pedaços, assistir passivamente, assumir derrota.
Uma das belezas do envelhecer é ir aprendendo a perder, mesmo que tenha sido por fatality.
Continuo fazendo bico, mas já há uma certa leveza que demora cada vez menos a chegar.
Até certo ponto.

Mortes ainda desequilibram. As reais e as figurativas. Do meu menino, do gaúcho, do bebê de sete dias de vida.
São meu Japão pessoal. Aqueles que depois de dar chance pra conhecer de verdade, conquistam for real.
Coppola-femme e last.fm mostraram que há muito mais pra encantar além de luzes, golpes e sashimi.

Então fico nesse dilema.
De assistir de longe, sem o menor poder de interferência, e lamentar demais, angustiar demais, querer fazer algo.
Ao mesmo tempo, completamente embasbacada com o poder da coisa toda. Forces of nature dizendo FUCK YOU bem na nossa cara. Behold your insignificance, losers.

A gente que acha que manda no universo. Bosta nenhuma. Somos o cachorro nanico megalomaníaco mordendo a perna do pit-bull-do-mundo, sem sequer fazer cócegas.
Insignificância. Impotência.
Deal with it.
Com suas (nossas) pequenas dores, pequenas perdas, pequenas tudo.

Misery and conflict.
Fugia, reclamava, fazia ceninha.
Anda me parecendo cada vez mais necessário.
Makes you alive, makes it worthwhile.
"The only way you can really learn something".

Insights às vezes demoram.
Acho que este finalmente chegou.
: Make it minus seventy. Make it Richter's 10.0.

Que época pra se viver. Pós-Chernobyl. Pré-Fukushima.

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