quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

To Sheila ...


Todo mundo tem um alguém. Que de uma forma ou de outra, a gente sente que vai estar sempre por perto. Um sentimento enorme. Não se compreende direito, não se sabe lidar. Confunde, pesa, distancia, vai, volta, mas tá sempre ligado. De alguma maneira, a gente sempre acaba voltando ao início.

É recíproco. E faz bem. Às vezes mal. Porque não nascemos preparados pra essa coisa enorme. Vai contra nossas idéias de liberdade e ânsia de experimentar tudo ao mesmo tempo agora. Dá medo. No fundo, todo mundo tem esse alguém. O meu chamava André.

E sabê-lo em algum canto desse mundo me fazia mais feliz, me deixava mais inteira. Quando aqui, quando em Boa Viagem, quando em Paris. Ele sempre esteve. Quando juntos, quando nos despedimos, quando eu disse que acho que posso sentir pelo geógrafo o que um dia eu senti por ti, quando eu voltei com a cara inchada dizendo que nunca mais quero sentir o que eu senti por ti e pelo geógrafo. Sempre esteve. Com Coltrane e colos e chacoalhões mais do que necessários. Nas vitórias todas e nos epic fail da vida.

Pelas estatísticas, quase todo mundo tem um conhecido que cometeu suicídio. E eu sempre achei cruel o que acontecia com quem fica. Todas as elucubrações de será que podia ter sido feito algo para impedir. A culpa de achar que deixou passar todos os sinais. De não ter conseguido ajudar, de não ter estado presente. Pelo menos não o suficiente.

E quando os dois alguéns são a mesma pessoa?

Parte de mim, nunca vai te perdoar. Por não ter contado o quão difícil tudo estava. Parte de mim, nunca vai me perdoar. Por não ter conseguido enxergar o quão difícil estava.
É um buraco tão grande. Não dá pra escrever, não dá pra descrever. Não sai voz nenhuma.

Eu só queria que ele tivesse me contado que aquela conversa era a última.
Eu só queria que crescer não implicasse em ter de me despedir de todas as pessoas que eu mais amo nessa vida.
E eu amo tão pouca gente. E elas fazem tanta falta.
Não quero criar tanta casca a ponto de virar pedra.
The more you change the less you feel.

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